What’s up, Giseli?

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Sentir-se perdida, abrir conta em bancos totalmente diferentes do que se está acostumada, fazer inúmeras entrevistas de emprego e só receber “nãos” e aprender a dar valor a cada centavo, são situações típicas de estudantes intercambistas. Há quase um mês em Dublin, pela Conexão Irlanda, a médica veterinária Giseli Heim tem enfrentado diversos desafios ao se adaptar à nova realidade, principalmente a aceitar que “mimos” são coisas do passado. A verdade é: se você não é a Paris Hilton, a vida não é fácil pra você e nem pra ninguém.
Fiz três entrevistas e só recebi ‘não’, então fiquei muito mal. Foi uma mistura de milhões de sentimentos”, revela a estudante que andava com dificuldades para arranjar um emprego. But, so what? Desistir de um sonho e de uma grande oportunidade dessas por um pouco mais de comodidade? Não. Giseli tem se mostrado uma verdadeira guerreira em um país estrangeiro. No decorrer das semanas fez entrevistas para trabalhar de au pair (programa de intercâmbio para se trabalhar como babá e trabalhos domésticos), em cafeterias e dois testes mal sucedidos para manicure: “Não sei fazer unha de gel e nem fazer essas pinturas loucas que elas adoram aqui”.
                Após esses breves momentos de decepções, Giseli decidiu voltar a procurar por um trabalho como au pair, pois acredita que seria mais vantajoso para ter um maior contato com o inglês. Por fim, parece que a gaúcha foi abençoada pela sorte irlandesa de Saint Pratrick. Semana passada realizou uma entrevista com uma família que já possui uma au pair, porém, esta voltará para o Brasil no final de novembro. No dia seguinte recebeu uma ligação dizendo para se mudar o quanto antes para a casa de Fiona, sua nova patroa. “(...) para garantir que eu não procure outro emprego, me propôs para me mudar para a casa dela o quanto antes. Ficarei um mês e meio trabalhando junto com a au pair brasileira. Isso vai ser legal, porque pegarei todo o jeito do trabalho”.
                Agora Giseli não terá mais gastos com comida, aluguel e contas, porém, diz que aprendeu muito a economizar dinheiro, chegando a parar na rua para recolher € 0,01 no chão. E ainda brinca ‘hiperbolizando’ (ou não): “Mas fiquei muito feliz mesmo quando achei € 0.35 na máquina do ticket do dart (trem). Parecia que eu tinha ganhado na loteria”, risos. Quem é universitário ou intercambista sabe muito bem o que é isso, afinal, se manter financeiramente - mesmo com o auxílio dos pais - não é fácil nem simples.
                Confessando que só chorou duas vezes, a estudante diz que está assimilando as circunstâncias, mas sente muitas saudades dos pais, da irmã e de suas gatas. Vivendo numa casa com mais seis pessoas, sendo quatro vegetarianas, e Giseli uma carnívora assumida, aprender a respeitar o outro e a ceder a certas coisas tem sido a lição mais interessante, segundo ela.
                Agora é questão de tempo até Giseli nos dizer o perfil das crianças para sabermos se são tão amáveis quantos os leprechauns, ou trarão problemas divertidos dignos de filme da “Sessão da Tarde” da TV Globo.

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